sexta-feira, 29 de julho de 2005
quinta-feira, 21 de julho de 2005
onde persistem teus olhos negros
essas dunas de paçocas
teus rabiscos nos arabescos
teus sorrisos pelos becos
Tudo em mim foge para este sonho
onde eu ouço o que você me diz
entre beijos de algodão
e canções feitos de brancos giz
Sandman ainda não percebeu
e eu enganei Morpheus
Não é uma fuga, enfim
Trata-se de uma caçada sem fim.
poema do livro
À Sombra de um Eclipse
julho 2005
Prefiro o silêncio diante do momento...
quarta-feira, 20 de julho de 2005
Viver sem errar talvez seja o maior erro na vida de uma pessoa. Talvez muitas pessoas acreditem que poderiam errar menos em suas vidas, mas talvez não teriam tanta carga de experiência e sabedoria se não errassem ao invés de sempre acertarem. Uma filosofia que nos leva a crer que um mundo tão cheio de erros talvez tenha algo a se ganhar e aprender no final.
segunda-feira, 18 de julho de 2005
no meio de lugar nenhum
Tenho andado mais distante de mim
procurando estar mais perto de ti
Um olhar adormecido depois do café
Um andar morno num verão abrasador
Leitura mansa no jornal diário
uma saudade que aperta o olho
passos que parecem se perder
no meio de lugar nenhum
Spywares desbloqueados
flogs meio desatualizados
luzes acesas a noite toda
Amigos pertos, amigos distantes
um mundo sereno de janelas vazias
Solidão geometricamente sólida
criada nas paredes feito trepadeiras
canções que parecem me prender
no meio de algum lugar
Signos, sons e significados
comerciais encomendados
rimas com caldas de framboesas
os recreios de minha infância
Os quadrinhos de minhas revistas
Os pés na borda da piscina
de alguém que nunca soube nadar
O sol atravessando a cortina
Amigos pertos, amigos distantes
uma saudade que desce pelo rosto
em lágrimas que parecem flutuar
no meio de um céu azul
sexta-feira, 15 de julho de 2005
Dessa vez, porém, seus olhos abriram-se por outro motivo. Não foram os pesadelos que o despertaram de seu sono agitado. Fôra um barulho. Um som tímido e rasteiro, esgueirando-se como uma cobra por entre as folhas caídas dos cacaueiros. Naquele instante, seus olhos abriram-se, e movido por um instinto de pura sobrevivência, sentiu seu espírito mergulhar num total estado de alerta. A tensão fez seus músculos se enrijecerem, desde as pontas dos dedos, empretecidos e com as unhas por fazer, até às raízes dos cabelos claramente castanhos, sujos e maltratados. Escorregou furtivo para detrás de uma pedra, e ali permaneceu, deitado de bruços, as mãos unidas ao peito. Assustado, olhava para os lados, tentando encontrar a origem daquele barulho. Queria descobrir o que estava se mexendo por debaixo das folhagens. Alguma coisa, ou alguém, caminhava ali por perto, pisoteando o tapete de folhas que cobria toda aquela terra. Seu olhar percorria toda aquela paisagem exuberante que lhe cercava. Buscava um sinal, uma pista, um vulto qualquer que denunciasse sua presença. Passou-se alguns segundos, até que finalmente ele descobriu a origem dos ruídos. Enxergou, então, a ponta de um rabo de pêlos dourados, que deveria ter aproximadamente um palmo e meio de comprimento, balançando incessante, como se seu dono procurasse desesperado por algo. O assustado observador continuou quieto atrás da pedra, espiando aquele ser vivente de um mundo selvagem perambular por debaixo do tapete de folhas. O momento prolongou-se hesitante até quando tudo tornou-se surpresa e admiração para o jovem. Seus olhos descobriram um pequenino animal, do tamanho de um punho fechado, agitado, inquieto. Tinha o pêlo dourado, e sua cabecinha peluda o fazia assemelhar-se a um pequenino leão.
- Um mico-leão dourado...
Foi um sussurro solto num instante de admiração plena. Durante um longo momento, o jovem ficou esquecido naquela cena, mergulhado na situação, absorto num transe hipnótico, fitando extasiado o mico, que agora revelava-se por inteiro acima das folhas caídas no chão. Sentado sobre uma pequena pedra, o mico olhava atento de um lado para o outro, como que a pressentir algo no ar. Um espécime como aquele o jovem conhecia apenas pela TV, em documentários da National Geografic ou Discovery Channel sobre reservas ambientais, preservação do Meio Ambiente e animais em extinção. Permaneceu ali, hipnotizado pela imagem do mico-leão dourado. podia sentir o pulsar da vida dentro daquele pequeno animal. Desejou imensamente que o mico se aproximasse dele, queria vê-lo mais de perto, quem sabe até poder tocar ele. O jovem permanecia imóvel, quase nem respirava, temendo que o menor ruído acabasse afugentando o mico. Era um espécime raro da fauna regional, e o admirado observador tinha a consciência de que podia ser a única vez que o estivesse contemplando. Talvez a primeira e última vez. O pequenino saltava de um lado para outro, tinha movimentos ágeis e brincalhões, mas em determinado instante parou atônito, silencioso, e descobriu o olhar atento do observador solitário. Era como se também ele estivesse sentindo o pulsar da vida escondida por detrás daquela pedra. Ficou imóvel durante alguns segundos, para logo em seguida sair em debandada, pulando de galho em galho, de árvore em árvore. parecia assustado, muito assustado. O jovem, desesperado, tentou seguir o mico em sua fuga amedrontada, mas foi em vão. O mico parecia assombrado, como se tivesse visto um perigo quase iminente que colocasse em risco sua sobrevivência. Talvez deconfiasse do estranho que lhe observava atrás daquela pedra. O jovem correu por entre os cacaueiros seminus, numa tentativa de acompanhar a fuga do mico, mas de nada adiantou. Sentiu-se triste com o ocorrido, pois seu único desejo naquele momento era contemplar a beleza selvagem daquele pequeno animal, e talvez poder despertar a sua natureza brincalhona e curiosa. Porém, agora já era tarde demais para buscar novamente o macaquinho. mais uma vez, a solidão sutil friamente lhe abraçou por completo. Era apenas a sua solidão, e nada mais.
- Esse quase foi meu nome, sabia? - disse Francis, em tom revelador.
Achei a situação bem pitoresca e até surpreendente, pois nunca em minha vida, tinha conhecido alguém que seria batizado com meu nome, mas que, no último momento, os pais haviam decidido mudar o nome do filho. Francis explicou que a mãe dele já havia decidido batizá-lo como Ulisses, mas que acabou optando por Francis.
- Não tenho nada contra sua pessoa, mas não gosto do nome Ulisses. Tem uma sonoridade que não me agrada. Ele me lembra Ulisses Guimarães - revelou ele, com toda sua educação e sinceridade.
Achei engraçada a sua revelação, e disse-lhe que também não gostava muito do nome Francis. Talvez tenha dito isso apenas para rebater sua sinceridade com relação ao meu nome. Mas talvez eu até goste, pois ele me lembra o falecido jornalista Paulo Francis, polêmico, controvertido, altamente crítico e pertubador diante dos fatos do Brasil e do mundo. Afinal, descobrimos que a vida realmente é cheia de infinitas possibilidades, umas já realizadas, outras arquivadas para sempre, e outras ainda esperando sua vez de se tornarem parte de nosso mundo.
sexta-feira, 8 de julho de 2005
Palavras ditas certa vez a um grande amigo meu.
quarta-feira, 6 de julho de 2005
A sensação que tenho, quando escrevo, é de que sou plenamente influenciado tanto pelos meus sentimentos e emoções mais profundos e fortes, quanto pela infinita gama de informações pops presente em nosso cotidiano. Trechos de músicas, filmes, melodias de canções [como a que estou ouvindo agora, Electrical Storm, do U2], livros, histórias em diversas formas de arte, como a HQ, por exemplo. Um poema que escrevi numa madrugada dessas aí, por exemplo, influenciando por um livro de contos que li recentemente baseado nos quadrinhos de Sandman, uma criação fascinante do escritor inglês Neil Gaiman. A contextualização onírica de suas histórias me fascina, e tem tudo a ver com alguns de meus sentimentos, e tenho mais especial fascinação com os Perpétuos, os irmãos de Sandman: Destino [Destiny], Morte ou Desencarnação [Death], Sonho ou Devaneio [Dream], Destruição [Destruction], Desejo [Desire], Desespero [Despair] e Delirium [Delirium]. Quem curte a história, poderá entender melhor. Para quem não conhece, fica o desafio de decifrar meus versos e entendê-los um pouco.
Descoberta
O que vejo é o meu Desejo
Perto respira e espera o Desespero
Flores balançam em Delírios
Desse lado a sombra do Desolado
Dissimulado o Destino solta sorrisos
Diante do Sol que despenca
Despreendido como um sonho
Dreams in my hands
Desires in my mind
Destiny in my eyes
Sem o calor do Sol, sento na janela
e sinto o ardor na dor doce
da candura mansa que desfila em teus olhos.
Por que você às vezes
Se faz de ruim?
Tenta me convencer
Que não mereço viver
Que não presto, enfim
Saio em segredo
Você nem vai notar
E assim sem despedida
Saio de sua vida
Tão espetacular
E ao chegar lá fora
Direi que fui embora
E que o mundo já pode se acabar
Pois tudo mais que existe
Só faz lembrar que o triste
Está em todo lugar
E quando acordo cedo
De uma noite sem sal
Sinto o gosto azedo
De uma vida doce
E amarga no final
Saio sem alarde
Sei que já vou tarde
Não tenho pressa
Nada a me esperar
Nenhuma novidade
As ruas da cidade
O mesmo velho mar