sábado, 2 de abril de 2011

O mundo está entrando em colapso e eu fico sentado assistindo a tudo. Sou apenas mais um e não posso fazer nada para reverter a situação da Humanidade perdida nas sombras de seus erros grotescos. Sinto um gosto amargo na boca pela derrota de minhas palavras diante de um júri que não entende o tempo de minhas orações e frases. É um tempo perdido, de caos, de super profusão de idéias, imagens, informações, delírios, tecnologia em 140 caracteres. Só o que me surpreende são momentos grudados em meu cotidiano de canções e versos esquecidos em alguns pedaços de papéis ou escritos em notas de blogs pessoais. O calor infernal de março está indo embora, ainda abafado e sufocante, e eu espero calmo e manso pelo outuno imaginativo de folhas caindo de árvores que foram arrancadas das ruas para melhorias na infraestrutura de sua cidade. Sim, sou surpreendido por um vendaval doce e silencioso de revelações ditas sem pudor, e meu passageiro sombrio sorri com seus olhos pensativos considerando ser verdade que não há lugar mais iluminado e ensolarado do que a escuridão de seus pensamentos encravado nas rochas de seu coração. O que faço é seguir meu coração, seguir meus sonhos, cantarolar as melodias e músicas que me arrastam no turbilhão de sons e nostalgias gratificantes. Estou descolado deste mundo maldito, de ignorantes e ignorados, estou sentado tomando uma xícara de café e vendo os pequenos demônios sorrindo de satisfação. Suas maldades fazem cócegas e cegam os intolerantes. É um deleite o meu café, é um absurdo este mundo ensurdecedor, é uma catástrofe atrás da outra este cataclisma de abalos e ondas gigantes, este mar de mortos e feridos. É cruel eu escrever e todos sentirem preguiça de ler ou ninguém encontrar forças para continuar lendo. Por duas vezes tentei assistir ao filme sobre a vida de Bob Dylan, mas sua vida cheia de poesia me entorpeceu e adormeci antes do final. Quando estou derrotado, sinto-me de volta ao início, ensaiando o mesmo primeiro passo em cima da pegada que pensei ter deixado para trás. É impossível reverter o que já foi feito, mas a vida libera a ilusão de que você pode sempre tentar mais uma vez. A Humanidade caminha assim, assassinando a minha humanidade. Enquanto a alta magnitude engole tudo, tento encontrar formas de usar antimatéria em meus versos. Assim que conseguir, publicarei aqui antes que tudo se perca numa colisão de catástrofes e eu procure abrigo em terras distantes.
 
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