sexta-feira, 1 de janeiro de 2010


É verdade que à medida que o mundo evolui e os anos vão passando, o tempo estranhamente vai ficando mais rápido, as horas, os dias, os meses vão passando numa velocidade que deixam a sensação de torpor e perda dos sentidos? Ninguém pode provar isso, mas que todos percebem isso claramente, não tem como negar. 2009 se foi e aqui estamos, respirando uma data puramente binária. O que aconteceu ontem serve apenas para alimentar o caldeirão de lembranças que fica cozinhando em banho-maria. Hoje é uma data mundialmente dopante, o mundo dá um breve descanso, pegando folêgo para reiniciar a jornada e lá adiante sentir novamente a sensação descrita inicialmente neste parágrafo.
Todas essas datas simbólicas apenas refletem a necessidade humana de estabelecer fronteiras temporais onde elas possam determinadas inícios e finais, estipular marcos zero para tentar recomeçar de uma nova maneira aquilo que possa ter dado errado pelo caminho passado, ou iniciar novas metas e seguir adiante com propósitos bem delineados. Tudo simbólico, planejado para dar a sensação de que estamos com tudo sob controle, quando na verdade não estamos. Quem detem o controle de tudo é o Tempo. É evidente que, independente de festejarmos datas importantes ou não, o tempo nos atropela, passa sem pedir licença. O sol se põe e nasce todo dia, em seu ciclo infinito e maior que nossas míseras horas, meses e anos. Tudo no Universo é regido pela infinitude e imensidão que não podemos realmente medir de maneira alguma. Enquanto isso, estamos aqui nesse mundo, regido pelo Tempo cujo Ano Zero foi estabelecido pelo homem em um dia qualquer há 2010 anos atrás. Estranho isso. Estranho porque poderíamos estar comemorando agora qualquer outra data, fosse 2010, 2079, 3156, não importa. Tudo é meramente simbólico, estabelecido apenas para que o homem não sinta perdido sem qualquer tipo de planejamento, horários, datas, metas.
Já eu tenho uma maneira diferente de ver o Tempo, o meu Tempo. Não baseio meus inícios, meios e fins através de datas do nosso calendário. Costumo demarcar inícios e finais de eras em minha vida através de momentos importantes para mim, através de projetos iniciados e que deram certo, através de amizades que conheci e que me marcaram a ponto de serem eternas dentro de mim, através de um beijo, um abraço, uma palavra dita que me comove, me faz ir às nuvens. É dessa forma que eu consigo enxergar meus inícios e finais, e não através de datas fixas no calendário. Sinceramente, ontem foi para mim um dia como outro qualquer, assim como hoje. E se daqui a uma semana, ou um mês ocorrer algo grandioso, extraordinário, maravilhoso e incrível acontecer em minha vida, eu saberei que o meu ano, o meu próprio calendário teve início nesse momento, o fim de um ciclo e o início de um outro, que com certeza irá me reservar sempre grandes surpresas. E que todos tenham um feliz dia binário.
 
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