quinta-feira, 10 de maio de 2007

Acordei hoje e vi o tempo em que vivemos. Pessoas dopadas por falsas verdades e absorvidas por ilusões, manipuladas por hipócritas desonestos, cujo mau caráter desconhece os próprios limites. O tempo fechou nos últimos anos, e não tende a melhorar. Não que eu esteja sendo cético ou pessimista. Mas minhas conclusões pessoais são fruto de cuidadosa observação realista. Os noticiários não mentem, os jornais não escondem mais nada, tudo o que se passa em nosso mundo é um prato cheio para a mídia, que sempre busca informações para sempre manter sua audiência no topo. O mundo se aquece, as pessoas se matam, os invejosos se corroem por dentro cada vez mais. A verdade é assim, uma navalha afiada em seu pescoço, e você não pode se mover nem um milímetro sequer, do contrário você irá sentir gosto de sangue em sua boca. Hoje em dia é matar ou morrer. E as balas perdidas têm matado muito mais ou tanto quanto as guerras no Oriente Médio. Crianças morrem em sequestros de maneira aterrorizante. os filmes hoje em dia perderam a graça e não mostram enredos mais originais do que a vida real, muito mais surpreendente e cinematográfica em seus efeitos especiais, sociais, dramáticos, violentos. Cheguei à lamentável conclusão de que somos heróis de nós mesmos, sempre buscando nos salvar a cada dia do pior e sobrevivendo diante deste mundo terrível. O sofrimento ocupa todas as páginas, e o calor penetra meus poros em dias extremamente quentes. É o aquecimento global misturado com uma rotina sufocante. Estou tentando transferir toda transpiração em meus poemas, estou suando em palavras. Estou derretendo toda minha raiva em versos. Minha poesia está nas sombras agora, por minha própria opção.

Antes da Meia-Noite

Cada dia está sendo desperdiçado
pelas desgraças e carniças nas calçadas
Este aquecimento que sufoca e prende
a escuridão envolve e me rende
Seu olhar inerte na esquina
observando a destruição iminente

Ninguém tem mais nada a dizer
aos corpos boiando após a tempestade
Seu rosto suado apenas enxerga
o sangue que marca o asfalto quente.
O hipócrita conta suas mentiras
e arrasta os inocentes para o deserto
Todos se entregam a ilusões e orações
O desespero sufoca os humildes e os idiotas
Sua cruzada é uma farsa ridícula
e você exala falsidade repugnante

Meu pior inimigo espera meu vacilo
Uma raça maldita e dissimulada tentando
me derrubar sempre no meio do jogo
Uma corja de assassinos e ladrões
fazendo meu dia se despedaçar
entre as carcaças dos mais fracos

Não espere que eu me entregue
Meu sangue não será teu troféu
Aguardo sereno nas sombras
pois seu tempo está se esgotando
Verei teu sangue entre meus dedos
e desenharei meu futuro glorioso
em vermelho escarlate
antes de sentir seu último suspiro
sendo negociado pelo diabo na esquina.

Por Ulisses Góes
 
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